O jogo de ontem foi uma deceção, não tanto pela justa derrota, mas pela forma pífia como o Benfica jogou. A equipa, toda ela, apareceu desde o primeiro minuto fragilizada, na cabeça e nas pernas. Entrámos descrentes, sem garra, fomos um grupo incapaz de reagir à adversidade que foi aquele golo logo ao terceiro minuto. Parece-me que o trabalho de casa psicológico não foi feito. Para enfrentar o FC Porto é preciso um empenho extraordinário que ontem não se viu. O que se viu foram jogadores desmotivados, sem ideias, sem velocidade e sem crença.
Não considero que a equipa tenha sido mal escolhida: sem Di María e sem Ramires, fazia sentido à partida usar Coentrão à esquerda e Carlos Martins à direita. Também não me parece justo culpar Roberto pelo golo, que foi uma cabeçada à queima-roupa. No entanto, aquilo que parece bem no papel, ganha vida no relvado. E foi isso que não existiu. O Benfica foi sempre mais lento, mais perro, sem força mental para empurrar o FC Porto contra as cordas.
O dinamismo fantástico que exibíamos a época passada não era apenas as correrias de Di María ou Ramires, mas uma atitude geral, de onze homens que acreditavam em si próprios, no seu talento, na sua ambição, na sua invencibilidade. Era um Benfica Turbo, e este já não é. Tu próprio pareces diferente, e é um pouco misteriosa esta paralisia geral a que se assistiu. Portanto, há que trabalhar, e muito. Nada se conquista este ano só porque se foi campeão o ano passado.
Domingos Amaral in Record Online
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