Excerto de uma entrevista de António Lobo Antunes à revista Visão, onde, às tantas, se evoca a guerra do Ultramar, em Angola.
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Visão: Ainda sonha com a guerra?
Lobo Antunes: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
L.A.: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista.
LA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?
2 comentários:
Este desabafo de António Lobo Antunes = Mística benfiquista.
Arrepiei-me, embora já conhecendo o texto.
Saudações alegres tendo à vista o fim-de-semana
Caro Coluna,
Isto é para ler e reler!!
Grande António Lobo Antunes! A grandeza do BENFICA está aqui inteira nesta história!
Saudações gloriosas
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