Não para ti. As falhas foram apenas um ocaso prematuro, um apagamento ditado pelas circunstâncias mas sem ter amputado o imenso talento que sempre tiveste. Quando a tua vida recomeçou no Benfica, logo se viu que a arte e a eficácia estavam, como sempre estiveram, nos teus pés. A vida é mesmo assim: não se é feliz sempre, nem se é feliz quando se quer, é-se feliz quando se pode. E no Benfica, tu podes ser feliz.
Encontraste um treinador que precisa de alguém como tu, uma equipa onde te encaixas na perfeição, e colegas que não têm egos insuportáveis de aturar. E claro, o génio começou a sair da lâmpada. Desde o início, desde o primeiro dia que te vi com a camisola do Benfica ao peito, suspeitei que ia assistir a coisas que há muito não via na Luz. Os túneis, as mudanças de velocidade, as corridas a cair para os flancos, as tabelinhas, os arranques nos limites do fora-de-jogo, e a colocação sempre inteligente nos cantos e nos livres, matreiro e à espreita.
O resultado está à vista: voltaram os teus grandes momentos, com golos fundamentais e pormenores só à altura de um fora de série. A época ainda só vai a meio e já te devemos tanto...
Domingos Amaral in 'Record Online'
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