A maldição de Bela Guttman: "Nunca nos próximos cem anos o Benfica volta a ganhar uma Taça dos Campeões." Por enquanto é verdade, o clube da Luz nunca mais se tornou campeão europeu depois daquela dupla campanha no início dos loucos anos 60 e a coisa também não se vai repetir esta temporada, mesmo depois de Jorge Jesus se ter feito ao piso - para já resta-lhe a Liga Europa, de onde podia ter caído igualmente não fosse a ajuda do Lyon naquele final dramático contra o Hapoel israelita. Guttman, um húngaro judeu, chegou a Lisboa, limpou o balneário, impôs a sua disciplina e renovou a equipa. E na temporada de 1959/60 foi capaz de alcançar uma série de 12 vitórias consecutivas (em todas as competições) que, contra qualquer maldição, se repetiu agora com o Benfica comandado por Jorge Jesus. O triunfo por 2-0 em Setúbal, com golos de Gaitán e Jara, equilibrou a recente campanha com a sequência que em Março de 1960 acabou num 2-1 contra o Vianense, para a Taça de Portugal.
A última derrota do actual Benfica aconteceu a 7 de Dezembro no Estádio da Luz (1-2 contra o Schalke, para a Liga dos Campeões) e daí para cá cresceu esta série que atropelou adversários mais ou menos acessíveis, desde Desportivo das Aves e Olhanense, ou Sporting de Braga e FC Porto. Em 1959/60, a série de 12 vitórias ficou entre um empate com o Belenenses (0-0) e outro com o FC Porto (2-2), agora veremos o que fará a esta equipa de Jorge Jesus, aquela que o treinador diz praticar "o melhor futebol do país" e no próximo domingo recebe o Vitória de Guimarães para, eventualmente, bater o recorde de Guttman. Se sim, a questão será até quando. Bella Guttmam morreu em 1981, com 81 anos, e já não viu o que Lajos Baroti e Eriksson fizeram pouco depois, em 1982. Aí, o Benfica somou 18 vitórias consecutivas - entre um empate com o Vitória de Setúbal e outro com o Zurique, para a Taça UEFA - e estabeleceu a melhor sequência de sempre no clube. Se este Benfica não tiver pedalada para tanto, então pode focar-se apenas nisto: nas 14 vitórias de Jimmy Hagan em 1971 ou nas 15 do mesmo treinador no ano seguinte. Já Eriksson, em 1991, foi rapaz para ver 13 vitórias sentado no banco. Para já é o que está mais à mão de Jesus, um treinador de novo elevado ao céu...
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