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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

a ferida aberta em Villas Boas...


From: Domingos Amaral
To: André Villas-Boas

Caro André Villas-Boas

Nos últimos vinte e cinco anos, só me lembro de ganhar três vezes ao FC Porto em sua casa. A vitória de César Brito e Eriksson, a vitória de Koeman e Nuno Gomes, e agora a vitória de Jesus e os seus apóstolos.

São, é verdade, poucas vitórias, mas é exatamente a sua raridade que lhes dá um valor extraordinário e inesquecível. Rebentei de alegria na quarta-feira, e se Cardozo tivesse metido o terceiro teria tocado no céu.

Por todas as razões: pelo gozo que dá vencer em casa do rival maior, pelo orgulho que tive no meu Benfica, mas sobretudo porque era uma vitória essencial para que o impossível passasse a ser mais possível.

É verdade: a vitória do Benfica mudou, para já, a narrativa da época. Até aqui, tínhamos um Braga dececionante, um Sporting em calvário, e um Benfica que começara muito mal e fora derrotado por ti duas vezes, uma das quais de forma humilhante.

A narrativa era a de um FC Porto praticamente imbatível, que a irrelevante derrota com o Nacional não afetara.

Agora, a narrativa mudou.

Ao vencer-te em casa, o Benfica retirou-te a vantagem psicológica que tinhas, e introduziu as dúvidas no teu universo.

Agora, serás tu a jogar sobre brasas, a temer, a cada momento, a perda de pontos.

Agora, serás tu a recear a desestabilização da defesa, a falta dos talentos, a ansiedade no grupo.
Por mais que tentes negá-lo, há uma “ferida” sim, e só Deus sabe se vai sarar ou abrir mais.

Daqui para a frente ninguém sabe o que irá acontecer, mas tenho a certeza que, a partir de agora, todas as noites antes de adormeceres te vais lembrar que, até ao fim da época, ainda vais ter de jogar na Luz duas vezes...


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