FC Porto 0-Benfica 2
1 Pressão alta do Benfica surpreendeu o FC Porto
Assistimos a um bom jogo de futebol, emotivo, com golos e uma táctica bastante surpreendente e eficaz por parte do Benfica. Cedo se perceberam as dificuldades que o FC Porto ia ter, sobretudo na construção do jogo ofensivo. A pressão alta feita - e bem - por todos os sectores do Benfica obrigou o FC Porto a jogar de uma forma a que não está habituado, surpreendendo-o e obrigando-o a cometer muitos erros, ao mesmo tempo que permitia aos encarnados jogar muito perto da baliza do adversário. O primeiro golo, logo aos seis minutos, num desentendimento entre Maicon e Helton muito bem aproveitado por Coentrão, mostrou o nervosismo do FC Porto e moralizou o Benfica, que se tranquilizou mais, mantendo sempre uma boa organização, quer defensiva quer ofensiva. Os seus jogadores mostraram grande determinação nos duelos, solidariedade e muito veneno no ataque, provocando sempre grande instabilidade na defesa do FC Porto.
2 Jesus preparou bem este jogo
Com a tensão destes jogos, para quem visita o Dragão é especialmente importante marcar antes do FC Porto, pois além de moralizar ainda faz os jogadores acreditarem na estratégia da sua equipa e manterem elevados níveis de concentração durante os 90 minutos. O Benfica actuou sempre de forma muito compacta, sem conceder espaços ao FC Porto, subindo e descendo no terreno com os sectores muito juntos, demonstrando que preparou muito bem este encontro ao longo da semana, em especial nos sítios onde ia fazer alterações. A entrada de César Peixoto para o meio-campo, alternando o posicionamento com Gaitán, conferiu segurança defensiva mas também coragem ofensiva, confiando a Coentrão o corredor esquerdo para que este pudesse desequilibrar. Gaitán e Peixoto mostraram um grande sentido táctico e concentração o tempo todo.
3 FC Porto desperdiçou ocasiões para relançar o encontro
O FC Porto teve sempre grandes dificuldades na construção do jogo ofensivo e aqui sublinhe-se o trabalho dos avançados do Benfica que obrigaram a defesa portista a fazer muitos atrasos para Helton e a errar muitos passes. Hulk esteve bem marcado e sem espaços, o meio-campo pressionado e sem ideias e James Rodríguez esteve como a equipa, desinspirado. Coube apenas a Varela tomar a iniciativa para desequilibrar um jogo que estava muito difícil. O FC Porto teve duas ocasiões para relançar o encontro: primeiro por James, após cruzamento de Varela, e depois pelo próprio Varela, que rematou às malhas laterais. Ao perder essa possibilidade para relançar o encontro o Benfica manteve a organização e entreajuda defensiva, passando a imagem de estar a controlar o jogo embora o FC Porto tivesse mais bola.
4 No 2-0 tira-se a fotografia desta partida
No segundo golo do Benfica pode tirar-se a fotografia deste jogo. Ao fazer o 2-0, Javi García acabou por provar o bom posicionamento da equipa no terreno e a capacidade de aproveitamento da enorme passividade e dos erros do FC Porto. Se a confiança e crença na vitória do Benfica já eram elevadas, com o segundo golo aumentou ainda mais e provou que aquela era a forma mais acertada de abordar esta partida.
5 Normal a entrada de Rodríguez mas não na posição ideal
O Benfica levou uma vantagem justificada para o intervalo, dado ter sido a equipa mais organizada, inteligente, solidária e eficaz. Já o FC Porto pareceu-me ter encarado este jogo com demasiada confiança, embora desde cedo se tenha apercebido de que não seria fácil e se tenha sentido impotente para mudar as coisas. Considero normal a entrada de Rodríguez na segunda parte, já que a desinspiração de James não lhe permitia continuar em campo. O uruguaio é um jogador mais maduro, deu maior velocidade ao jogo embora isso não se tenha feito sentir em termos de oportunidades de golo. A postura do Benfica manteve-se igual à da primeira parte, determinado e disputando o jogo ainda que coubesse ao FC Porto tomar a iniciativa. Só que o Benfica não lhe consentiu entrar na área. Aliás, a imagem da segunda parte é como o Benfica defendeu e obrigou o FC Porto a rematar de fora. À boa atitude defensiva dos encarnados soma-se a falta de homens de área do FC Porto. Quando Hulk saía daquela posição, não havia lá ninguém. Mais valia ter posto Rodríguez na área e Hulk numa das faixas, partindo de trás para a frente para desequilibrar.
6 Villas-Boas esteve mal antes de o jogo começar
Estranhei a ausência de um ponta-de-lança entre os 18. Tenho elogiado Villas-Boas mas ontem começou mal ainda antes de o jogo se iniciar, ao não ter nenhum ponta-de-lança no banco. Pelo menos o único que tinha disponível, que era Walter. O problema é que, ao deixá-lo de fora, passa uma má imagem para o jogador e fica limitado tratando-se de um jogo como este!
7 Expulsão de Coentrão foi fácil de colmatar
A expulsão de Coentrão originou cinco minutos de desorientação no Benfica, mas ao conseguir manter a vantagem e tendo daquele lado do campo César Peixoto e Gaitán foi fácil para Jesus colmatar a lacuna. A troca de Saviola por Aimar permitiu ter sempre alguém para transportar a bola e mais um jogador no meio-campo, pois Aimar é mais defensivo. Nessa fase era preciso recuar um pouco e juntar o meio-campo e a defesa, o que Aimar fez bem. Cardozo teve então uma importância acrescida, ao trabalhar bem e dar tempo à equipa de subir, mesmo com um a menos. Deu luta à defesa do FC Porto e permitiu gerir a vantagem.
8 Portistas precipitados
O FC Porto foi uma equipa precipitada, rematando demasiadas vezes de fora da área. Sentiu mais dificuldades contra dez do que contra 11 e não me lembro de qualquer oportunidade de golo dos portistas na segunda parte. A entrada de Guarín não acrescentou muito mas não havia mais soluções. Repito que não encontro justificação para a ausência de Walter dos 18…
9 A venda de David Luiz e eliminatória por resolver
Ficou demonstrado que o Benfica está bem diferente do início da temporada, que lhe valeu a actual desvantagem pontual no campeonato. É difícil recuperar mas evidencia melhorias. Este jogo em particular pode ter ajudado muito César Peixoto, um mal amado na Luz. Por outro lado, pode fazer sentir aos adeptos que valeu a pena ter vendido David Luiz. Com todo o respeito pela qualidade do central, 25 milhões de euros é muito dinheiro e uma exibição como a de ontem sem ele faz parecer que esse dinheiro se multiplica… Não se pode, no entanto, dar a eliminatória por resolvida. O Benfica saiu do Dragão com uma boa vantagem mas nunca se pode menosprezar uma equipa como o FC Porto.
atenção( muita atenção mesmo!) ao que o João Pinto escreve no final desta crónica sobre o jogo de ontem.....
'O Benfica saiu do Dragão com uma boa vantagem mas nunca se pode menosprezar uma equipa como o FC Porto.'
são os anos de experiência de JVP a falar....
faltam 2 meses para se jogar a segunda-mão....
há que respeitar e não menosprezar o Porto até lá....
há que não lhes dar motivos para se motivarem....
e há que respeitar o Sporting também...
eu conheço os benfiquistas....
depois da vitória de ontem vão começar as historietas de que vamos golear a Alvalade....
quem perde com isso é a equipa do Benfica e quem ganha com isso é a equipa do Sporting....
ps,
o Jorge Jesus esteve muito bem ontem depois do jogo...
tal como já o tinha sido antes do mesmo...
foi muito inteligente....
está muito melhor nos Mind Games....
As tuas conclusões são correctissimas.
ResponderEliminarUm excelente alerta....se JJ for coerente como tem sido depois de ter perdido os créditos após a goleada sofrida no estádio do ladrão, ele vai ter o cuidado de manter a equipa como até agora.
Espero que a próxima vítima seja o setúbal com mais uma vitória e de preferência clara...
alguém entende porque razão os jogos do SLB sejam em casa ou fora, sejam sistemáticamente ao domingo e às 20:15 e sempre depois dos outros?
VIVA O SL BENFICA SEMPRE
Nelson Carvalho