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sábado, 19 de junho de 2010

um texto importantíssimo para o Benfica...

Nos inesquecíveis momentos que se seguiram à conquista do título nacional, Jorge Jesus confessou que gostaria de ganhar a Liga dos Campeões da próxima época.

É saudável que o nosso treinador manifeste tamanha ambição, e não duvido que, no mesmo grau, esse sentimento seja extensível a dirigentes, jogadores e adeptos - por exemplo, aos benfiquistas da minha geração, que já não viram o Benfica erguer nenhuma das Taças dos Campeões Europeus, jóias da coroa do nosso palmarés, e cimento do prestígio internacional do clube.

Além do mais, dispomos de um plantel que permite - sobretudo se reforçado com mais um ou dois elementos de qualidade - olhar para a Europa de frente e sem medo. Com um pouco de sorte (designadamente no alinhamento dos sorteios) poderíamos efectivamente fazer história.

Mas, deverá a Liga dos Campeões ser a prioridade maior do nosso clube para a próxima temporada? A meu ver, não.

Sou, desde sempre, um apaixonado pelas provas internacionais. Aprendi muito do meu benfiquismo com as inesquecíveis caminhadas europeias dos anos oitenta, onde chegámos a três finais. Sendo de fora de Lisboa, via os benfiquistas da minha terra mobilizarem-se, sobretudo, para os jogos internacionais (foi num deles o meu baptismo de estádio), pelo que aprendi a olhá-los como o pilar fundamental da afirmação competitiva do clube. Nessa altura o Benfica era hegemónico no plano interno, e conquistava campeonatos nacionais em série. E é precisamente essa a diferença face ao contexto actual.

O grande objectivo estratégico que o nosso clube tem hoje por diante passa essencialmente por recuperar essa supremacia interna.

Perdemo-la para o FC Porto há vinte anos atrás, e não será com um só título que a iremos ter de volta.

Um campeonato, um simples campeonato, não vai ser suficiente para varrer do futebol português todo o lixo com que Pinto da Costa o manchou nas últimas décadas. Se não houver continuidade, se este triunfo se vier a revelar um acontecimento episódico (como de alguma forma sucedeu em 2005), ele não fará mais do que algumas cócegas nas forças contra as quais lutamos. Sem a materialização de um novo e consequente ciclo de triunfos, o título que acabámos de vencer, em boa verdade, não servirá para nada.

Deste modo, a prioridade do Benfica na próxima época, bem como, provavelmente, nas duas ou três seguintes, terá de apontar novamente para a conquista do campeonato nacional. Não se trata de escolher entre ser campeão nacional ou campeão europeu (a resposta seria óbvia), mas sim de agarrar primeiro, e com as duas mãos, aquilo que é decisivo para nós, e que só depende de nós, não o comprometendo à aleatoriedade de um percurso europeu escravo das mais variadas circunstâncias.

Obviamente que isto não significa um menor empenho na Liga dos Campeões. Além do prestígio que confere, e da valorização que proporciona aos atletas, a principal prova europeia constitui também uma importante fonte de receitas, que não podemos menosprezar.

Há que jogá-la pois com entusiasmo e ambição, mas sem permitir que o combate pelo título nacional resulte minimamente beliscado. Trata-se, no fundo, de seguir a estratégia da época finda, onde até fizemos uma excelente campanha internacional – e muito bem estaríamos caso voltássemos a alcançar os quartos-de-final (agora na Champions), o que no plano financeiro significaria, desde logo, um considerável encaixe.

Talvez não seja fácil passar este discurso para os nossos profissionais. Para eles, para as suas carreiras, para o seu futuro, a projecção internacional é incomparavelmente mais relevante que qualquer luta doméstica, e sabemos que a Liga dos Campeões é, a esse nível, o palco principal.

Pouco interessará a um jogador, qualquer que ele seja, e qualquer que seja o clube que represente, quem domina ou deixa de dominar o futebol português para lá do seu contrato. Mas essa é justamente a guerra em que o Benfica, enquanto clube, está envolvido, e todas as batalhas se devem submeter a ela.

Conquistado o “Bi”, e depois o “Tri”, então sim, talvez nos possamos dar ao luxo de sacrificar um ou outro campeonato à frente externa, talvez possamos partir para outro patamar de ambição.

Concluído o trabalho de casa, poderemos então sair para a rua que no passado nos consagrou.

E se todo este guião se concretizar, muito diferente será o futebol português por esses dias. Esse é, de resto, o meu desejo, mas também meu palpite."

Luís Fialho no Jornal "O Benfica" de 28/05/2010

6 comentários:

  1. Concordo integralmente com o Luís.

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  2. Típico, pensar pequeno! Ainda bem que o JJ pensa exactamente ao contrário.

    com pensamentos desses, sejam bemvindos os juniores do Real Madrid. Como penso um bocadinho maior, quero outras coisas.

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  3. Logo a seguir às declarações de JJ (que penso terem sido feitas um pouco a quente devido à natural euforia),e que provocaram reacções de entusiasmo pela nação encarnada, que eu comentei em diversos artigos postados na blogosfera vermelha, que o mais importante era consolidar a hegemonia interna. Em paralelo, tentar fazer uma boa campanha europeia para não sermos a chacota de ninguém. E isso, passa por se ter uma grande equipa, juntamente com um banco à altura.
    Saudações.

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  4. Meu caro,

    Além de ser bom sonhar, é bom para o Benfica a nível economico colocar este tipo de objectivos.

    Mas sejamos claros... desde que a Champions é Champions só 3 clubes fora dos 4 países mais poderosos (Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha) venceram a champions. E 2 deles, fizeram-no à custa de ajudas nas competições internas (Marselha 92/93 e Porto 03/04). O outro foi o Ajax com uma equipa de sonho e com uma escola que é provelmente a melhor do mundo.

    Mas é preciso fazer sonhar os adeptos... é preciso lhes dizer que estamos nas champions para lutar por ela. É preciso lhes dizer que o Benfica é cada vez mais forte. Mesmo que se saiba que chegar aos quartos-de-final já é um excelente resultado.

    Mas queremos o estádio cheio, queremos os benfiquistas a sonhar.

    O fundamental é ganhar o bi-campeonato mas temos que lutar para ir o mais longe possível na europa, pois é aí que a nossa história está (8 finais europeias, 2 vitórias).

    E temos que continuar com esta política que nos permitiu (de forma inteligente) trazer os Saviolas, os Aimares, os Javi Garcias, os Davides Luizes, os Di Marias, os Coentrões, etc... etc... descobrir as perolas onde quer que estejam.

    Algumas vão falhar... mas quem não falha? O Barça não deu o Eto'o + 40 milhões pelo Ibrahimovic? O Inter não comprou o Quaresma por 18 milhões? O Manchester United não pagou uma pipa de massa pelo Berbatov? Para não falar no Real Madrid e as suas compras mirabolantes.

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  5. Sloml e JVG,

    estamos de acordo...

    Geração Benfica,

    pensar pequeno?

    ás vezes quando se pensa muito grande...a queda é enorme!

    o Jorge Jesus não pensa assim?

    o JJ é o dono do clube?

    quem manda é o JJ?

    Alex Ferguson só há um e já ganhou 11 ou 12 campeonatos....

    o Jesus ganhou 1....

    o Benfica 32...

    quem manda no Benfica é o Presidente Vieira....

    e se o Vieira lhe disser que o Bi-Campeonato é mais importante que a Champions o Jorge Jesus têm trabalhar e tomar decisões em função disso....

    eu não estou a dizer que o Benfica não deva lutar pela Champions...

    só que o Benfica nos últimos Campeonatos que ganhou nos anos a seguir APOSTOU TUDO NA CHAMPIONS....

    resultado disso?

    Porto Campeão Nacional...

    isto é trigo limpo farinha amparo...

    e o texto do Luís Fialho é muito importante na minha opinião por causa disso...

    o Pinto da Costa é Presidente do Porto há quase 30 anos....

    com ele há sempre um objectivo nº1 e máximo....

    ser Campeão Nacional....

    todos os anos é o mesmo...

    ser Campeão Nacional...

    porque ele inteligente como é(podemos chamar-lhe de tudo menos de burro penso eu...) sabe que é impossível uma equipa portuguesa lutar taco a taco com alguns monstros europeus em termos de orçamento....

    mas também sabe que ganhando 2,3,4, 5 campeonatos haverá um ano de sorte na Europa....

    foi isso que lhe aconteceu nas vitórias europeias....

    o Benfica têm que ganhar vários campeonatos nacionais e taças de Portugal....

    haverá uma época em que vai ser possível(problemas nas maiores equipas europeias, sorte no sorteio, uma equipa que funcione nas eliminatórias a 2 jogos no mata-mata etc...etc...) atacar a Champions....

    o Rui Costa felizmente pensa assim...

    o Veiga pensava assim...

    e dá-me a ideia que o Presidente Vieira também pensa assim....

    Geração Benfica,

    tu vê o Inter....

    andaram anos a querer tudo...

    nada ganhavam...

    começaram e voltaram a ganhar campeonatos e taças de itália...

    criaram um espírito vencedor e voltaram a dominar o futebol italiano....

    chegou o Mourinho e fez retoques cirúrgicos na equipa e a Champions foi ganha passados quarenta e tal anos....

    eu não digo que o Benfica não deve aplicar-se na Champions....

    se aparecer a oportunidade deve aproveitá-la claro...

    mas sempre com o Campeonato Nacional seguro....

    porque a Champions pode perder-se numa final nos penaltis...

    como já aconteceu connosco Benfica...

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  6. Vermelhovzky,

    concordo contigo em género e número...

    mas tal como já escreveste no FB o fundamental é o Bi-Campeonato....

    a Champions se tivermos um sorteio como teve o Porto de Mourinho é de aproveitar....

    agora não vamos perder um campeonato nacional para o Porto só para dizer que disputamos eliminatórias com o Barcelona e Man Utd....

    primeiro o Bi-Campeonato...

    depois a Champions...

    porque uma Champions não cai no bolso sem mais nem menos.....

    olhem o Real Madrid e os milhões e milhões de euros que têm gasto só para ganhar a 10ª Champions e não consegue.....

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