O escasso tempo de recuperação - menos de 72 horas - entre o jogo disputado em Marselha e a final do Algarve ajudou o técnico dos encarnados a usar Aimar como segundo avançado para surpreender, trocando o habitual 4x1x3x2 por um 4x1x3x1x1.
Em tese, o posicionamento do argentino fazia lembrar más cartadas de Quique Flores, o treinador que perdeu o lugar para Jesus. A prática, no entanto, destorceu os narizes revelando uma solução competente e fundamental para desequilibrar as forças.
Porque El Mago, em situação de ataque, mexia-se nas costas de Kardec e funcionava como apoio, puxando para si a marcação de Fernando e arrumando o trinco junto aos centrais; ao mesmo tempo desestabilizava Raul Meireles e Rúben Micael ao rasgar um corredor na zona central para Carlos Martins se aventurar na criação, na gestão dos ritmos e dos lançamentos para os corredores laterais.
E quando tocava a defender e a lutar pela posse de bola, Aimar vestia a pele de quinto médio, encostando-se à linha onde o Benfica reuniu ontem as ferramentas para estancar o FC Porto e escavar o resultado.
A fortuna, que normalmente casa bem com os audazes, também abençoou a habilidade táctica dos lisboetas, que se puseram em vantagem aos 9', num tiro frouxo de Rúben Amorim que parecia condenado a morrer nas luvas de Nuno. Não foi assim, a bola escapou-se a um guarda-redes experiente, mas menos rodado esta época, e aninhou-se nas malhas. Sim, foi um frango.
À primeira oportunidade, Nuno voltou-se para os adeptos que estavam por detrás da baliza e pediu-lhes desculpa. Mas a derrocada tinha começado e… seria irreversível, embora a primeira ameaça até tivesse tido a assinatura de um portista (Rodríguez, aos 7').
A confiança exteriorizada pelos jogadores do Benfica disfarçou o desgaste causado por uma eliminatória europeia ainda bem fresca nas pernas. É verdade que Jesus fez algumas mudanças, mas só mexeu no triângulo-chave que suporta a consistência defensiva porque Javi García não passou no teste físico realizado durante a fase de aquecimento.
Em vez do espanhol, jogou Airton, que superou a inesperada prova de fogo, até porque o FC Porto nunca teve um médio que assumisse declaradamente a posição dez. Rúben Micael foi pisando a zona, mas sem inspiração… nem bola para fazer mossa. Falcao, sozinho na frente, batalhou, chateou, deu trabalho a Luisão e David Luiz, mas não teve o auxílio de que necessitava.
Nas alas, Belluschi (direita) e Rodríguez (esquerda) deslocaram-se frequentemente para zonas interiores, mas não prestaram a colaboração de que o colombiano precisava para romper a linha defensiva encarnada. Pesaram, e de que maneira, as ausências de Mariano e de Varela, além, claro, de Hulk.
Sempre em movimento na intermediária, como Jorge Jesus não se cansava de exigir a partir do banco de suplentes, o Benfica foi abafando. Teve mais bola na primeira parte e na esmagadora maioria das vezes soube o que fazer com ela.
Este é, indiscutivelmente, um dos traços distintivos da máquina montada pelo treinador.
Ontem, para se impor, a equipa não teve de ser tão intensa e contundente como fora, por exemplo, em França. Os jogadores não precisaram de correr muito, só tiveram de correr melhor.
E de serem eficazes, claro. O 2-0, num livre directo batido por Carlos Martins, surgiu aos 45' e, pelo momento em que ocorreu, foi uma valente machadada no ânimo que ainda aguentava o dragão. Bruno Alves, de cabeça perdida na ida para os balneários, desnorteava e era o espelho fiel de um grupo fragilizado animicamente.
Jesualdo trocou duas peças para a segunda parte, mas manteve o 4x3x3 como estrutura táctica: Fucile rendeu Miguel Lopes, e Valeri entrou na vez de Rúben Micael, posicionando-se à direita, enquanto Belluschi passava para o vértice direito do meio-campo. Apesar das substituições, o FC Porto não melhorou.
Pelo contrário, foi-se entregando a um Benfica controlador na intermediária, mas sempre de olho na baliza. Aos 62', os encarnados acentuaram o processo de gestão física. Saiu Aimar, entrou Saviola. Para se colocar junto a Kardec? Não. Para fazer o mesmo trabalho do compatriota, actuando ora como segundo avançado ora como quinto médio.
Com a permuta de Martins por Ramires (67'), a equipa ficou ainda mais sólida e imperturbável. A resposta de Jesualdo foi trocar Belluschi por Orlando Sá, que se juntou a Falcao no eixo do ataque. Uma decisão que resultou numa pequena anarquia táctica, destroçando o que sobrava. O 3-0 final de Cardozo, aos 90'+2', foi só mais uma (pesada) consequência.
Obrigado Jorge Jesus!
Pelo profissionalismo na Final da Taça da Liga!
Que alguns benfiquistas aprendam a lição!
a verdade é que o Benfica jogou concentrado e cada vez mais o Airton tem lugar na equipa ao lado de Javi Garcia!!
ResponderEliminarO frango do Nuno (que até parecia um frango à Ricardo) resultou num jogo bem mais calmo e concentrado pela parte do Benfica!!
Também de realçar a calma com que os jogadores responderam às provocações (agressões) constantes do jogadores Portistas!!
Com respeito ao teu post que está magnifico só te tenho a dizer uma coisa...
ResponderEliminarSOU TRIPEIRO À MUITOS MAS MUITOS ANOS MAS SOU BENFIQUISTA DE NASCENÇA...
Continuação ;)