Reina uma enorme confusão na Quinta do sô Pereira, onde as mais recentes expedições punitivas dos seus justiceiros aos recintos de futebol já tinham criado um ambiente de tensão, depois que Pereira, em pessoa, se saiu com aquela bravata de ter dito, com um ar infeliz, que “não podia ir, como os ‘outros presidentes’, ao mercado de inverno recrutar novos árbitros”.
As reacções em cadeia no seio dos juízes do apito estavam a ser tais que o Pereira se viu forçado a convocar uma reunião de emergência entre a sua augusta pessoa e todos os árbitros e árbitros - assistentes de 1ª categoria. Realmente, nem ao “patrão” se poderia perdoar tamanho pecado como este de comparar um juiz ou um juiz-assistente, pessoas e funções de castas diferentes, com meros artistas desse circo que é o futebol, enfim futebolistas, que, como dizia João Rocha, “nem comer à mesa com um garfo sabem!”.
A secretíssima reunião de emergência está marcada para sábado de manhã, mas em local e hora incertos, sabendo-se apenas que terá lugar num hotel de Leiria. A propósito de Leiria, registe-se o triste incidente em que, como diz o ilustre presidente da APAF, o dr. Pedro Proença se envolveu num diálogo imerecido com esse simples ex-futebolista e agora treinador da União daquela cidade, Manuel Fernandes, sobre um penálti mal assinalado (veja-se o desplante), no decurso do qual o dr. Proença (onde é que eu já ouvi isto?) respondeu a uma provocação do tal Manuel com um frase à sua altura: “Sou um homem sério, não sou um corrupto, como o seu presidente!” Esse mesmo, estão a ver? E não é que esse treinador de meia-tijela foi a correr contar ao seu (dele) presidente, o sr. João Bartolomeu, o que o dr. Proença lhe tinha respondido? Bem, foram mosquitos por cordas, a administração da SAD do Leiria, quer dizer, o tal Bartolomeu e mais dois, demitiu-se em bloco, ameaçou com processos e mais não sei quantos, a prestimosa e douta APAF meteu-se em defesa do dr. Proença, e, na volta, tornou a chamar corrupto ao Bartolomeu – enfim, vai por aí um sudário de ameaças e prováveis acções judiciais.
Como se isto já não bastasse, as peripécias arbitrais da última jornada abriram várias frentes de combate, desde a desse jovem e promissor (filho de peixe sabe nadar) Soares Dias ao não menos jovem nem menos promissor Rui Costa, que foi ao Funchal dar lições de como silvar no apito. Mas o mais triste incidente foi o protagonizado pelo sócio da APAF que dá pelo nome de Jorge Coroado, que veio dizer para os jornais que, imaginem, o sô Pereira o andava a perseguir a ele, Coroado, e por tabela, ao Belenenses. O sô Pereira que, depois do seu Sporting, de quem mais gosta é do Belenenses! Acho que isto também devia ser tratado na tal reunião de sábado.
Autor: JOÃO CARTAXANA
Data: Quarta-feira, 10 Dezembro de 2008 - 19:33
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