O Sporting foi a primeira equipa portuguesa a ganhar um desempate por penáltis. Foi contra o Glasgow Rangers e… não valeu. Desde então, parece que os leões nunca superaram o trauma.
Paulo Bento disse no final do jogo com o FC Porto, que ditou o afastamento do Sporting da Taça de Portugal, que a sua equipa tinha sido a única a procurar evitar que o jogo fosse para o desempate por grandes penalidades. Tê-lo-á feito porque acreditava ser capaz de fazer o golo que desbloqueasse o impasse e porque terá achado que a recompensa bem valia o risco. E não saberia certamente que o Sporting é, historicamente, a pior equipa da I Liga portuguesa no desempate por grandes penalidades, com um registo favorável de apenas 14 por cento de sucessos.
Os leões, que saíram pela terceira vez em cinco anos da Taça de Portugal no desempate pelas grandes penalidades - duas contra o FC Porto e uma face ao Benfica - só ganharam um dos sete tira-teimas em que se envolveram: foi em Setembro do ano passado, logo na entrada da equipa na Taça da Liga, frente ao V. Guimarães. Ou melhor: ganharam dois, só que o primeiro não contou. A 3 de Novembro de 1971, fez na semana passada 37 anos, o Sporting valeu-se de duas grandes penalidades defendidas por Damas para bater o Glasgow Rangers na variante que a UEFA adoptara ano e meio antes como substituta da moeda ao ar para desfazer empates teimosos. Sucede que a marcação dos penáltis tinha sido um engano do árbitro, o holandês Van Ravens, uma vez que os escoceses tinham feito mais um golo fora e já estavam apurados.
Quer isto dizer que as duas vezes que o Sporting ganhou desempates por penáltis acabou por não lucrar nada com a história. Se em 1971 as defesas de Damas não valeram de nada, na época passada a proeza de Tiago em Guimarães foi depois anulada pela derrota sofrida no Algarve, na final da Taça da Liga, frente ao V. Setúbal. Pela frente estava exactamente a melhor equipa nacional nesta variante do jogo, um V. Setúbal que ganhou todos os seus desempates e nesse dia só não se tornou a primeira equipa portuguesa a ganhar um troféu desta forma porque o FC Porto já o fizera por três vezes. Os dragões já assim tinham ganho a segunda das suas duas Taças Intercontinentais, batendo em Tóquio o Once Caldas, bem como duas Supertaças, ambas face ao Benfica. Embora já tenha perdido dois desempates - contra a Sampdória, em 1995, e na época passada, face ao Fátima, o FC Porto situa-se, mesmo assim, entre o lote de equipas que ganharam mais do que perderam na marca dos onze metros. Tal como o Benfica, embora os encarnados tenham sido assim derrotados numa final da Taça dos Campeões (em 1988, contra o PSV Eindhoven, com o pontapé de Veloso a ser detido por Van Breukelen).
António Tadeia in O Jogo
terça-feira, 11 de novembro de 2008
O trauma dos penáltis leoninos...
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