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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Entrevista do Presidente Vieira na Bíblia

Entrevista EXCLUSIVA a Luís Filipe Vieira«A imagem do futebol português defende-se punindo exemplarmente quem viola as regras»

Foi um Presidente do Benfica sereno, mas determinado, que encontrámos um dia depois de a UEFA ter confirmado a suspensão do F.C Porto das competições europeias na época 2008/09. Luís Filipe Vieira defende a transparência e a ética do Futebol português e questiona a actuação de Gilberto Madaíl à frente da FPF.

Como reage à possibilidade de o Benfica poder vir a jogar a Liga dos Campeões na próxima época?
Como já foi dito, a preparação da época será feita de forma independente à competição que o Benfica venha a disputar. Em qualquer caso, se o Benfica ganhar o direito a estar presente na próxima Liga dos Campeões é bom que as pessoas percebam que não foi um direito conquistado pelo Benfica fora de campo, mas sim um direito perdido pelo FC Porto por tentar ganhar fora de campo. E não sou eu que o digo. São os tribunais e os órgãos jurisdicionais desportivos. Trabalhamos para ter bons jogadores, uma boa equipa, que possibilite vitórias. Não somos responsáveis por nenhum dos factos apurados.

Surpreendeu-o a decisão do Comité de Controlo e Disciplina da UEFA?
O que me surpreende é o descaramento de algumas pessoas mais preocupadas em desfocar a realidade conhecida de todos, ou já se esqueceram do conteúdo das escutas telefónicas? Não vi ninguém até hoje – repito, ninguém – contestar a veracidade das mesmas. Vejo, isso sim, muita gente preocupada em evitar que essas escutas sejam usadas ou admitidas como meio de prova. O CD da Liga limitou-se a verificar e a denunciar a realidade que o futebol português viveu na época de 2003/04, e só não foi mais longe porque foi só nesse ano que a justiça decidiu, finalmente, investigar a realidade do futebol português. Se a investigação tivesse abrangido anos anteriores, a dimensão dos “apitos” seria bastante maior.

Mas há quem invoque que o CD da Liga não podia socorrer-se do teor dessas mesmas escutas?
Da mesma maneira que também há muitos outros constitucionalistas que defendem exactamente o contrário. É tão óbvio que a defesa de algumas pessoas está alicerçada na não admissão da prova em vez de, como devia, estar fundamentada na contestação da prova. A prova existe, ninguém a contesta, ninguém recusa que tenha acontecido, nem como aconteceu. Estão unicamente preocupados em impedir que a prova possa ser usada. Não quero acreditar, porém, que o Ministério Público e os tribunais sejam irresponsáveis ao ponto de usar meios de prova inválidos.

O Benfica empenhou-se na sanção da UEFA?
O Benfica fez, como sempre, o que tinha de fazer. Uma coisa posso garantir: não fui – nem pedi a ninguém – para visitar a UEFA, fazer telefonemas a altos dirigentes do futebol europeu, nem enviei nenhuma comitiva de emergência à final da Liga dos Campeões!

Como viu a reacção do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl, após conhecida a decisão da UEFA?
Senti-o demasiado empenhado em contestar o Comité de Controlo e Disciplina da UEFA, o que não deixa de ser curioso sendo ele membro do Comité Executivo da UEFA. Ou seja, descredibiliza um órgão que deveria merecer a sua confiança. Mas, ao mesmo tempo, já não estranho de todo a sua reacção já que em Fevereiro deste ano, após a demissão do então Presidente do Conselho de Justiça (um ilustre Juiz Conselheiro), e conhecidas as razões pelas quais o fez, retirou a confiança ao Conselho de Justiça, mas nada mais fez. É por esta razão que vai ser este órgão, descredibilizado e em risco de perder o quórum após várias demissões, que envergonhada e rapidamente – como convém – por em causa o trabalho levado a cabo por uma Comissão Disciplinar ao longo de vários meses.

Mas não acha normal que ele tente defender a imagem do futebol português?
A imagem do futebol português defende-se punindo exemplarmente quem viola as regras e põe em causa a verdade desportiva. Não se defende de qualquer outra maneira.

É um discurso muito crítico em relação ao Presidente da FPF.
O Presidente da FPF é responsável por assegurar que o futebol português seja jogado com ética e transparência e deve assegurar perante os portugueses que os comportamentos que comprovadamente se viveram no futebol português não se voltem a repetir. Aliás, não deixa de ser sintomático que a própria UEFA já tenha vindo a público contestar as declarações do Dr. Madaíl. Se da pressão do Presidente da Federação resultar o branqueamento dos comportamentos já provados e sancionados, o Presidente da FPF só terá um caminho a seguir: a demissão!

Segundo as suas palavras, depreendo que está convicto de que o Conselho de Justiça vai revogar o castigo imposto ao F.C Porto e ao seu Presidente?
Estou convencido que haverá essa tentação, mas não acredito que tal venha a acontecer uma vez que o F.C Porto, como todos sabemos, não recorreu.

Está seguro disso mesmo?
Estou. O Conselho de Justiça tem muitos poderes, mas não tem – seguramente que não – o poder de “ressuscitar” um prazo de recurso vencido. Foi público e assumido, com pompa e circunstância e em horário nobre nas nossas televisões, que o F.C. Porto não iria recorrer da sanção que lhe havia sido aplicada! As pressões a que agora assistimos servem para consolar adeptos mas não podem servir para subverter decisões.
Texto: Ricardo Soares
In a Bíblia

1 comentário:

  1. Uma grande entrevista, postada no local certo: O site do Sport Lisboa e Benfica

    Gostei.
    .

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