Pouco depois do FC Porto regressar à normalidade - a goleada ao Leiria comprovou que a derrota em Alvalade, para além de injusta face ao futebol praticado, não passou de um mero tropeção na caminhada para um título há muito anunciado -, também o Benfica foi normal. Ou melhor: vulgar!
Pela quinta vez em nove jogos, as águias não conseguiram ganhar em casa. Nem sequer marcar um golo. A exemplo de outros embates, confirmou-se a estranha apatia de entrada, os problemas na ligação entre os sectores, a inexistência de alguém capaz de empurrar a equipa para a frente e, claro, uma gritante incapacidade finalizadora. Assim - independentemente do bom desempenho fora de portas - pensar no título não passa de um sonho, pois mesmo que o FC Porto desbaratasse pontos... está mais que visto que as águias não têm "pedalada" para fazer a sua parte: vencer os respectivos jogos.
Ter vários jogadores talentosos não significa que se consiga montar uma boa equipa, pois o futebol não é matemática. E na Luz, para além dos atletas com falta de capacidade para dar mais e melhor, há gente que não consegue colocar a sua qualidade ao serviço do colectivo. Ou, pelo menos, não o faz de forma consistente. É por isso que o Benfica, num dia bom, pode bater qualquer adversário em Portugal. "Basta" engatar. A má notícia é que, quando a equipa não atina - e isso sucede vezes sem conta, com a particularidade de se notar mais em casa - é facilmente ludibriada. Seja por emblemas cotados ou por meros conjuntos que têm como único objectivo a permanência.
Ao longo da época tenho ouvido que o problema é a lentidão de Rui Costa; a desinspiração de Nuno Gomes; a inexperiência de David Luiz, Di María ou Adu; a adaptação com altos e baixos de Cardozo; a súbita quebra de rendimento de Luisão e Katsouranis; a menor capacidade física de Léo e Petit; as tácticas adoptadas; as opções de Camacho antes e durante os jogos, etc, etc. Se calhar, tudo isto são respostas válidas mas, para mim, a principal justificação é que na Luz continua a trabalhar-se mal na área de recrutamento. Com a agravante do "timing" de intervenção no mercado ser quase sempre o possível e nunca o desejável.
Cardozo, por exemplo, já mostrou algumas credenciais e pode evoluir, mas é óbvio que, por 9 milhões de euros, não era o melhor avançado disponível no mercado. E o jovem Di María, tendo como missão fazer esquecer Simão no imediato, também foi uma aposta demasiado arriscada e cara (6 milhões). Mas, mais estranho, é ver o investimento em desconhecidos estrangeiros, quando o presidente anuncia que o futuro será feito com uma base de... portugueses!
A descoordenação é tanta que, embora se oiça dizer, ano após ano, que o clube vai ter o plantel fechado antes do arranque dos trabalhos, sucede sempre o contrário. E até no mercado de Janeiro se nota falta de rigor e arte negocial. Makukula, a única contratação "a sério", não esteve disponível para defrontar o Nacional mas, semanas antes, andava Luís Filipe Vieira "à pesca" de um tal César Delgado no México. Mas valia ter ido à Madeira acelerar o "dossier" Makukula...
In Record Online com a devida vénia desse excelente jornalista que é o Luis Avelãs.
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