Eis o abismo
Começou uma nova temporada e eis que chegou mais um título.
Apesar da gestão ruinosa, do desbaratar do plantel e do abismo iminente, o Benfica ganhou ontem em Aveiro, mais uma supertaça e completou um póquer de títulos consecutivos, inédito no clube e no futebol português.
Não foi um jogo fácil, o Rio Ave é uma equipa que defende muito bem e fechou todos os caminhos da sua baliza.
O Benfica enquanto teve pulmão, fez uma exibição de encher o olho e criou inúmeras oportunidades para marcar mas os golos chegaram apenas no desempate dos penaltis onde Artur renasceu das cinzas da desconfiança a que tem sido votado pela critica e pelos adeptos e defendeu três pontapés da marca dos 11 metros.
A supertaça viajou assim para Lisboa e é agora o oitavo título em cinco anos de Jorge Jesus. Títulos, aquele critério-argumento com que muitos tentavam ofuscar todos os debates sobre o trabalho de Jesus nos últimos anos e a que muitos como eu iam respondendo - eles vão chegar.
E dizíamos isto por uma razão muito simples e evidente, Jorge Jesus é um grande treinador que devolveu ao Benfica uma qualidade exibicional e um domínio de jogo sobre a maioria dos adversários que já não se via na Luz desde meados dos anos 80, não com esta regularidade.
E como qualquer outro projecto bem liderado, estruturado e pensado, se houvesse paciência e confiança, os títulos iam aparecer. E eles aí estão e não é só no futebol nem só nos seniores. É em toda a linha no clube, das modalidades à formação.
O presidente rodeou-se dos melhores, os resultados e os títulos eram uma questão de tempo. Tudo muito previsível para quem esteja atento e veja as coisas sem complexos de ódio e sem negativismo.
Existe uma diferença entre a critica construtiva e positiva e o constante e sistemático bota abaixo. Começa a ser demasiado óbvio.
Agora, venha daí o bicampeonato para ver se acaba a desconfiança dos profetas, de uma vez por todas.
Se estivermos todos unidos e deixar-mo-nos de crítica bacoca e gratuita por tudo e por nada, vamos estar mais perto do regresso à hegemonia.
Uma das muitas razões porque o Porto se afirmou e somou títulos consecutivos ao longo das décadas foi por a direcção ter tido sempre uma estabilidade e um apoio incondicional por parte da critica, dos adeptos e dos sócios.
Esse apoio criou uma blindagem do clube aos jornalistas e aos meios de comunicação que deixaram de ter tanto atrevimento para escrever e inventar barbaridades à volta da equipa, dos jogadores ou do treinador.
E isso, é um dos actuais problemas no Benfica. Apesar dos títulos terem começado a chegar, há uma certa casta de adeptos no clube que só valoriza o negativo e que parece só estar bem se algo no clube correr mal.
No Porto já teriam sido apeados, no Benfica acham-se os donos da verdade e da cultura da exigência. Enterrem o machado e juntem-se à festa, o campeão voltou!
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